Grupo Pão de Açúcar aumenta estoque em R$ 1 bi
29/10/2018 às 10:05

O Grupo Pão de Açúcar virou uma página da desconfiança do mercado quando publicou na semana passada os números de julho a setembro - especificamente em relação à capacidade de vender sem destruir margem de lucro. Agora vai tentar manter esse desempenho. Para as próximas datas festivas e promoções como Black Friday, no fim de novembro, e Natal, o GPA aumentou estoques. A companhia tem hoje quase R$ 1 bilhão a mais em produtos do que um ano atrás (são R$ 5,5 bilhões, no total). Parte disso, relativo à Black Friday, já foi distribuído às lojas para que elas possam se "armar" melhor para novembro.

"No ano passado a gente teve que correr, no fim das contas, para pôr tudo em ordem. Não queremos que isso aconteça de novo", disse o presidente do GPA, Peter Estermann, ao Valor.

Para manter o desempenho positivo, o grupo antecipou o planejamento de ações de fim de ano, mudou promoções que pareciam não ir tão bem e deve ser mais agressivo em preços para não perder volume de vendas.

Perguntado sobre a capacidade de o grupo repetir o resultado nos próximos trimestres, Estermann, disse que há um "desafio" e menciona medidas já tomadas. O grupo, diz, opera diferentes formatos de lojas e isso equilibra o desempenho: "Isso nos ajuda como um todo. Temos alavancas diferentes em cada formato que podem ser usadas". O GPA opera oito marcas: Pão de Açúcar, Minuto Pão de Açúcar, Mercado Extra, Mini Extra, Hiper Extra, Super Extra, Compre Bem e Assaí.

O GPA informou na sexta-feira que 187 supermercados Extra podem virar lojas do Compre Bem ou Mercado Extra, em busca de uma solução para lojas que não avançam como o esperado. Esse projeto de conversões ainda está em teste.

Aumento no número de lojas também deve ajudar a ampliar as vendas totais. Serão abertas mais 11 Assaí, 12 Compre Bem, 13 Mercado Extra de outubro a dezembro. Nesse período, em geral, o varejo evita muitas inaugurações devido à complexidade em se deixar lojas prontas para o Natal.

A dificuldade nesse ajuste fino entre volume e rentabilidade está em como mexer em preços de maneira a ampliar venda sem perder margem. A varejista disse na sexta-feira que vai continuar a "reinvestir [em preços]" para ter a venda que precisa. O GPA vai, por exemplo, comemorar o aniversário do seu programa de benefícios, batizado de Clube Extra. Essa promoção pode ajudar a aumentar as vendas entre o fim de outubro e começo de novembro, período sem grandes datas que possam atrair consumidores às lojas.

O grupo também voltou a fazer promoções nos supermercados Pão de Açúcar envolvendo distribuição de selinhos e prêmios. Começou, semanas atrás, a distribuir refratários para clientes que preenchem uma tabela com os selinhos. A ação anterior que distribuía bichinhos de pelúcia não animou tanto o consumidor como a atual, apurou o Valor.

O lucro líquido (dos controladores) do GPA subiu 250% no terceiro trimestre. As vendas líquidas cresceram 12,4%, para R$ 123 bilhões. As margens Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) e bruta subiram (como no Assaí) ou mantiveram-se estáveis. Nos supermercados e hipermercados, após trimestres de queda, estabilizaram-se.

"A mensagem desses resultados é que o momento permanece forte e a execução tem melhorado", disse Richard Cathcart, analista do Bradesco BBI. O braço de supermercados e hipermercados deverá mostrar aumento de tráfego de consumidores neste ano, "pela primeira vez em seis anos".

Não é algo que teve resultado na mesma velocidade em todos os negócios - os supermercados Pão de Açúcar ainda têm que avançar no processo de reestruturação e precisam crescer mais rápido. Mas a dúvida que o mercado tinha semanas atrás - quando a empresa publicou prévia de vendas - de um risco de que a receita maior afetasse margens foi afastada.

É preciso considerar que parte disso nada tem a ver com o grupo, e afeta de forma benéfica também o Carrefour, que divulga números em novembro. A inflação dos alimentos voltou e isso eleva receita. Mas analistas não colocam só a inflação nessa conta. As vendas em lojas abertas há mais de um ano "melhoraram não só pela inflação, mas pela boa execução", diz Thiago Macruz, analista do Itaú BBA.  (Fonte: Valor Econômico)

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