O CEO da Kimberly-Clark está deixando o cargo após 16 anos no comando da fabricante das fraldas Huggies - e no meio de um processo de reestruturação.

Thomas Falk, de 60 anos, é executivo chefe da empresa desde 2002 e presidente de seu conselho de administração desde 2003. Ele será substituído como CEO pelo diretor operacional, Mike Hsu, a partir de janeiro, e permanecerá como presidente executivo do conselho a fim de facilitar a transição.

A mudança no alto escalão ocorre no momento em que o setor de bens de consumo é pressionado pela acelerada mudança dos hábitos do consumidor, pela intensa concorrência e pela elevação dos custos. No começo deste ano a empresa revelou que fecharia pelo menos 5 mil postos de trabalho como parte dos planos para cortar US$ 550 milhões em gastos.

Falk liderou o desmembramento da subsidiária americana de beleza e saúde da Kimberly-Clark em 2014. As ações do grupo praticamente duplicaram de valor durante sua gestão, atribuindo à empresa um valor de mercado de US$ 38 bilhões.

Mais recentemente, no entanto, a companhia foi prejudicada por fatores que vão desde a ascensão do comércio eletrônico até a alta dos custos das commodities. A queda da taxa de natalidade, que reduziu a demanda por fraldas, veio elevar a pressão. As ações da empresa perderam 11% de seu valor neste ano.

No terceiro trimestre, as vendas líquidas caíram 2% no comparativo ano a ano, para US$ 4,58 bilhões, enquanto o lucro líquido recuou de US$ 579 milhões para US$ 462 milhões, ao ser comprometido pelos gastos ligados à reestruturação, além da elevação dos custos dos insumos.

Maria Henry, diretora financeira da empresa, disse que a inflação das commmodities foi "significativa" durante o terceiro trimestre, inclusive no caso da celulose e de outras matérias-primas. A empresa informou que os resultados também foram comprometidos pelas variações cambiais.

A exemplo de suas concorrentes, como a Procter & Gamble, a Kimberly-Clark tenta neutralizar parte das pressões criadas pela inflação dos insumos por meio do aumento dos preços. No terceiro trimestre, a empresa declarou que estava elevando a média dos preços praticados na América do Norte de uma série de produtos.

Os preços líquidos de venda subiram 1% no terceiro trimestre. Rosie Edwards, analista da Berenberg, disse que o período foi "decepcionante". O desempenho "não correspondeu às expectativas - especialmente em termos de preço, em que se esperava uma melhoria mais drástica, e de margem."

Ian Read, o executivo-chefe da Pfizer que é o líder dos diretores independentes do conselho de administração da Kimberly-Clark, afirmou em comunicado: "Agradecemos e reconhecemos Tom por sua liderança incrível (...) Durante sua gestão, a Kimberly-Clark se transformou em uma das maiores empresas mundiais de produtos de consumo e gerou crescimento e retorno significativos para os acionistas". E acrescentou: "Mike é o líder certo a vir a se somar à orgulhosa história da Kimberly-Clark." (Fonte: Valor Econômico)