Buscando acompanhar o mercado de embalagens de alumínio para bebidas, as latinhas, em crescimento contínuo nos últimos três anos, a americana Ball Corporation, maior fabricante mundial, aprovou investimento de US$ 90 milhões - R$ 504 milhões ao câmbio atual - na construção de uma nova unidade de produção de latas no Brasil.

“De maio para cá, estamos trabalhando à plena capacidade em nossas fábricas e não há sobra de lata para entregar aos clientes”, disse ao Valor o vice-presidente comercial da Ball na América do Sul, Fauze Villatoro. Segundo ele, houve o impacto da pandemia de covid-19 em março e abril, que paralisou o mercado. Mas daí em diante, o consumo por bebidas em latas, principalmente por cervejas, explodiu.

Frutal (MG), cidade próxima à divisa com o Estado de São Paulo, foi escolhida para abrigar a 11a fábrica do grupo no país - será a 9a especi!camente de latas. Duas outras, dedicadas à produção de tampas, estão em Manaus e Recife. A capacidade será de 1,5 bilhão de latinhas por ano, distribuídas em duas linhas, de onde sairão em vários formatos.

Além de cervejas tradicionais, a latinha é usada para refrigerantes, sucos, água tônica, soft drinks e as craft beers - cervejas artesanais. Novas categorias de bebidas vêm adotando a lata de alumínio como embalagem. Por exemplo, água (natural e gasosa), vinhos e “hard seltzers” (categoria de bebidas alcoólicas à base de água gasei!cada e aromas naturais de frutas). O grupo Coca-Cola acabou de lançar no país a Topo Chico, em lata de 310 ml da Ball, em três sabores - morango-goiaba, lima-limão e abacaxi.

O início de produção da nova fábrica está previsto para o último trimestre de 2021, informou Villatoro. Segundo o executivo, o crescimento da demanda no país nos últimos anos - mais expectativas de alta nos próximos - justi!cam o novo investimento.

Esse é o segundo investimento que a Ball anuncia para o Brasil no ano. Em março, a companhia informou a aquisição da Tubex, que faz embalagens em alumínio para aerossóis, por US$ 80 milhões, marcando sua entrada nesse segmento de negócio no país.

Segundo a Abralatas, o mercado brasileiro mantém-se em ritmo de expansão e é puxado pelo segmento cervejeiro. Em 2019, cresceu 13,6%, atingindo 29,62 bilhões de latinhas comercializadas no país. A cerveja em lata, que já tinha superado 55% do total da bebida vendida, passou de 70% no auge da pandemia de covid-19. Isso se deveu ao consumo nas residências devido ao fechamento de bares e restaurantes.

O Brasil é o terceiro maior produtor de latas de alumínio do mundo. No ano passado, foram produzidas 31,1 bilhões de unidades, em 22 fábricas. No mês passado, a Ambev inaugurou sua própria fábrica, em Sete Lagoas (MG), indo a 23 unidades no país.

Na América do Sul, a Ball tem fábricas no Brasil, Argentina, Chile e Paraguai, totalizando 13 unidades. Ela detém 49% de participação de mercado na região. No Brasil, a fatia de vendas !ca entre 46% e 47%. O grupo concorre no país com mais três gigantes globais - Crown, CanPack e Ardagh Group.

A prefeitura de Frutal investiu para atrair a fábrica: gastou R$ 4,5 milhões na desapropriação de um terreno ao lado da cervejaria da Cidade Imperial (dona da cerveja Império), que será um grande cliente da nova unidade de latas da Ball. De Frutal, disse Villatoro, a fábrica poderá atender também outros clientes em Minas e São Paulo.

Segundo ele, as obras civis do empreendimento deverão começar ainda este mês, encerrado o trâmite burocrático e obtenção de licenças. Os equipamentos para as linhas de produção de latas já estão quase todos adquiridos e boa parte já se encontra no Brasil. A previsão é gerar 100 empregos diretos na área de produção.

Fonte: Valor Econômico