Revista Gôndola: faturando com a folia
20/01/2020 às 10:30

O Natal já se foi. E o Carnaval está logo ali. Os mais de 400 blocos de rua de Belo Horizonte iniciaram seus ensaios, os foliões estão em polvorosa preparando suas fantasias e planejando pular muito nesta festa. São mais de 4 milhões de pessoas desejando que a fantasia do Carnaval seja eterna, conforme a Belotur, órgão da Prefeitura de Belo Horizonte, responsável pela promoção do turismo na cidade..

Os principais integrantes dessa corte momesca, os foliões e a música, estão no embalo. Mas, ainda falta algo na festa de Momo: a comida e a bebida. E é aí que o bloco dos supermercados entra para desfilar na avenida. Entretanto, para não fazer feio é preciso planejamento a fim de aproveitar a folia de oportunidades que a mais popular festa brasileira oferece em toda Minas Gerais.

Segundo o diretor de Marketing da DMA, que tem as bandeiras EPA e Mineirão, Roberto Gosende, a preparação está em ritmo acelerado. “Belo Horizonte se tornou referência nacional. A tendência é aumentar cada vez mais. E nós temos que correr pra receber essas pessoas, não só com bebida, mas com outros artigos também. Então, em janeiro, a gente começa a negociação com os fornecedores e a preparação da estrutura de loja para se reabastecer”, afirma.

Mix

O professor em Administração da Faculdade Milton Campos e Diretor do Instituto Olhar – pesquisa e informação estratégica –, Matheus Lemos, salienta que o supermercadista precisa estar atento ao se planejar para atender o público antes e durante o Carnaval. “A gente entende que, como já não é o primeiro ano de um carnaval pujante, então, a própria rede consegue identificar aqueles itens que já tem uma maior saída. De modo geral, naturalmente cerveja, carnes e refrigerantes vão ter uma demanda muito maior”, destaca.

Na festa momesca, as bebidas atuam na comissão de frente, sendo a cerveja a musa do Carnaval. Mas os destilados têm conquistado a galera carnavalesca. Marcelo Branquinho, gerente geral de marketing do Super Nosso e Apoio, explica que, na lista de bebidas não podem faltar: cerveja, água, energéticos, destilados e o gin, que está na moda. Ele ainda aponta os lançamentos do mercado, a Skol Beats 150 bpm, como uma promessa de sucesso por responder ao desejo do público jovem. “Cerveja é o carro chefe. Porém, observa-se um crescimento grande dos destilados, e as indústrias vêm lançando produtos específicos para o verão e o Carnaval”, complementa.

Quando se fala em comida, a carne tem espaço de destaque, principalmente, para o público que costuma receber muita visita em casa durante a data. Na mesma rede, Branquinho percebe dois movimentos diferentes. “No Super Nosso, que atende, sobretudo clientes de bairro, há muita compra de cerveja, carne para churrasco e coisas para comer na rua. O Apoio, além disso, tem foco maior nos transformadores: os vendedores ambulantes, os restaurantes, vendedores em geral”, observa.

Em Itaúna, o diretor de Inteligência de Mercado da Casa Rena, Vinícius de Morais, conta que o carnaval na região influenciou bastante na rotina de vendas e planejamento do segmento. “Há uma mudança dos hábitos de consumo muito grande, migração de categorias e um aumento expressivo em outras, como bebidas, carnes, perecíveis. Isto demanda um planejamento assertivo de toda a cadeia de abastecimento para evitar rupturas e também excesso de estoque após a passagem da data”, aponta.

Sobre o que não pode faltar na loja já não é mais o problema. Mas como expor? Para resolver esta equação, o professor Matheus ressalta o poder da análise de dados, que, pode revelar informações não óbvias e importantíssimas, como a relação cerveja x fraldas.

 “Existe um estudo clássico realizado nos EUA, na década de 1990, período no qual se iniciou a utilizar o código de barras, que identificou uma relação direta entre quem comprava cerveja e fraldas. Ao analisar mais profundamente, identificaram que os casais mais reclusos por terem filhos pequenos em casa, principalmente, os homens, ao comprar fraldas, acabavam comprando cerveja também. Diante desse diagnóstico, o supermercado começou a colocar ilhas de fraldas próximas às gôndolas de cerveja”, explica.

Portanto, a análise de dados e do histórico de vendas, se coloca como uma importante ferramenta a fim de entender melhor o consumidor e pensar, por exemplo, nas promoções. Para saber o que oferecer de promoção nesta época, na Casa Rena, segundo o gerente de inteligência, diz que “a escolha está vinculada à parceria com os fornecedores e à importância dos itens na cesta do cliente, ou seja, é ofertado aquilo que o cliente irá procurar”. No Apoio, Marcelo afirma que as promoções têm o foco voltado, principalmente, nos transformadores com o intuito de ofertar descontos em itens de padaria, laticínios, frios, entre outros.

Criatividade

Por se tratar de uma festa que mexe muito com o lado afetivo e festivo do brasileiro, Lemos chama atenção ao fato de que esses sentimentos podem ser utilizados a favor do supermercadista. Para ele, usar a criatividade para buscar promoções que se associem ao momento emocional do consumidor no carnaval durante o processo de compra seria uma ótima estratégia. A questão emocional ainda pode ser mais explorada se a loja investir em decoração de modo a desenvolver no público um cenário de imersão. “Além do sortimento, a preparação da loja com decoração, merchandising, música, campanha na TV e rádio já são um convite ao consumidor para estar na cidade”, completa. Ao visualizar a importância da climatização da loja, Rodrigo conta que, “prepara a loja para o cliente chegar e sentir esse clima festivo. Antes não se preparava porque a cidade (Belo Horizonte) estava vazia. Hoje circulam na cidade três milhões de pessoas”.

Em Itaúna, Vinícius já percebeu essa oportunidade: decoramos todas as lojas e estimulamos os próprios funcionários a se fantasiarem, criando um ambiente de alegria e festa. “Mas isto não é obrigatório, apenas sugestão para as lojas, porém, a grande maioria adere à ideia”, frisa. Para atender toda a demanda de gente ávida por festejar o Carnaval, ele fala que “as equipes são escaladas com três semanas de antecedência, até mesmo para os próprios funcionários se programarem, e, poderem se divertir nesta época”.

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