Casino revê estratégia para sua operação no Brasil
08/08/2019 às 09:50

O Casino mudou sua estratégia para a operação brasileira, consolidada no Grupo Pão de Açúcar (GPA).     Em julho, o Casino anunciou a reestruturação dos ativos na América Latina, de forma a colocar sob o GPA o grupo colombiano Éxito e as operações na Argentina e no Uruguai. A mudança também criou uma estrutura societária menos complexa e mais transparente. "O grupo está realmente focado nisso agora e suspendeu, temporariamente pelo menos, esse mandato de venda", diz um executivo com conhecimento do assunto.

A ideia inicial do Casino era se desfazer do GPA e por isso havia contratado a assessoria financeira do Rothschild no fim do ano passado, conforme noticiado à época pelo Valor. GPA e Casino negaram essa informação naquele momento. O banco sondou interessados e acionou outros assessores financeiros que pudessem trazer potenciais compradores à mesa, o que acabou ocorrendo ao longo do primeiro semestre deste ano. Antes disso, nos últimos meses de 2018, o Casino teve conversas iniciais com ao menos duas empresas do setor e dois fundos de investimento.

Em outubro, Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, esteve em Paris com Alexandre Bompard, presidente do Carrefour, para desenharem - ainda de forma preliminar - uma possível fusão de Carrefour e Casino que incluiria os ativos brasileiros. O caso se tornou público e as conversas não avançaram naquele período. A gestora de private equity Advent foi a única que efetivamente fez uma proposta pelo GPA após a sondagem dos bancos, apurou o Valor.

A Advent está capitalizada, já que acaba de levantar um novo fundo global e está em captação de outro para a América Latina. Comprou no ano passado o controle do Walmart no país. Conforme uma fonte, a oferta da Advent trazia um prêmio sobre a cotação do GPA em bolsa. O Casino, no entanto, avisou que preferia seguir outro caminho, conforme fonte ligada à varejista.

Para executivos ouvidos pelo Valor, pesou na mudança de estratégia o fato de que a venda do GPA não resolveria os problemas financeiros do Casino globalmente e ainda deixaria ativos isolados na América Latina, na Colômbia, na Argentina e no Uruguai, que dariam mais trabalho para gerir ou vender isoladamente depois. Empacotar os ativos sob o GPA pode ser uma forma de valorizar esse negócio em caso de venda futura.

Conforme duas pessoas com conhecimento do assunto, o GPA não está colocado no mercado neste momento para venda. A expectativa do Casino é que a reestruturação da América Latina valorize o conjunto de ativos. Isso, conforme fontes ligadas aos franceses, está desvinculado do processo de renegociação com credores que é feito pelo Casino na Europa. "São coisas diferentes, a reestruturação da América Latina acontece em paralelo às renegociações de dívida com credores na Europa", diz uma fonte. Procurados, o GPA e o Advent preferiram não comentar.

Fonte: Valor Econômico

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