Varejistas e Governo Federal discutem nova Black Friday
29/07/2019 às 10:52

Varejistas e governo estão em conversas para criar, entre os dias 6 e 15 setembro, uma nova data promocional para os setores de comércio e serviços, chamada "Semana do Brasil". O jornal Valor apurou que, para dar fôlego à data, está em discussão a proposta para reduzir ou isentar eletrônicos e eletrodomésticos vendidos durante o período da cobrança do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

A ideia partiu do governo, dentro da estratégia de criar ações que gerem vendas e movimentem a economia, que ainda avança lentamente. Seria uma espécie de nova "Black Friday", mas numa menor proporção, considerando o período curto para planejamento. A atual "Black Friday", no fim de novembro, será mantida.

A proposta ganhou força após o avanço do projeto de liberação parcial dos recursos do FGTS, que começa em setembro. O governo estima que devem ser liberados R$ 42 bilhões em recursos do fundo em dois anos.

A princípio, o mote da iniciativa, que deve nortear as campanhas das empresas envolvidas, será "Brasil em Verde e Amarelo". Um vídeo, elaborado pelo governo, enviado à lideranças do varejo, diz que setembro é a "cara do Brasil" e que as empresas poderão criar "produtos temáticos" com intenção de "valorizar o que é nosso".

Segundo fontes a par das conversas, a primeira reunião sobre o novo evento promocional ocorreu na quinta-feira passada, no IDV, o instituto do varejo, em São Paulo, com presença de Fábio Wajngarten, chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), ligada à Presidência da República, e que tem liderado a discussão. Ali, a questão sobre mudanças na cobrança dos impostos foi mencionada pelas redes.

O governo se comprometeu a avaliar a viabilidade com a área econômica, sem maiores garantias, apurou o Valor. As redes repassariam a alteração aos preços.

Quando o IPI caiu no país, em 2009, os preços de eletrodomésticos nas lojas diminuíram entre 3% e 10%. No caso do ICMS, uma mudança exigiria negociação com os Estados, onde ocorre a cobrança.

Estiveram no encontro, além da Secom, empresários como Flavio Rocha (Riachuelo), Meyer Nigri (Tecnisa), Roberto Fulcherberguer (Via Varejo), Marcelo Silva (IDV e Magazine Luiza). O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, acompanhou o fim da reunião de forma remota. Agências e veículos de comunicação também mandaram representantes, para discutir a criação e veiculação de campanhas em programas na TV aberta

Além do varejo, para tentar dar à ação um peso maior, o governo quer estender a data ao setor de turismo, hotelaria, concessionárias e fabricantes de automóveis, bancos, entre outros. Uma nova reunião está prevista para esta quinta-feira, e a ideia é contar com a participação da associação das revendas de automóveis (Fenabrave), dos bancos (Febraban) e dos shoppings (Abrasce). O plano é ter edições anuais da "Semana do Brasil".

No mercado, a questão central está em criar um evento "do zero", em 40 dias. "O tempo é muito curto. Avisamos que não será um negócio com o mesmo 'barulho' da 'Black Friday', que já tem anos. Mas o varejo deixou claro que apoia a ideia. Setembro é um mês fraco para o setor", diz um executivo. O mês tem o menor ritmo de crescimento do segundo semestre, segundo dados do IBGE. A fonte ressalta ainda que apesar do apoio, o projeto ainda está sendo discutido e precisaria avançar logo para sair do papel.

Varejistas ouvidos acreditam que a ação não deve esvaziar a "Black Friday", mas pode não ser lucrativa. A intenção é criar promoções que não concorram com a data de novembro. E também que não se concentrem apenas em descontos, mas em "benefícios " ao cliente, diz uma fonte. "Pode ser algo na linha, 'pague um e leve dois' para não ficar com foco no desconto, que é o forte da Black Friday.

"Para setembro, será mais uma compra pontual, de emergência, para reforçar o estoque. E não acreditamos que vamos 'fazer' muito dinheiro com isso. A própria Black Friday levou anos para dar algum lucro", diz um varejista de eletrônicos. "Quem entrar nessa agora, será pensando em ganhar algo lá na frente, caso a data de setembro se consolide.

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